A prevalente segregação do paciente em manicômios em décadas anteriores à reforma psiquiátrica e vários mitos ainda hoje alimentados sobre o tratamento da doença mental contribuem para sua estigmatização, a maneira como as pessoas visualizam errônea e pejorativamente os transtornos mentais.
Tal estigma só consolida julgamentos leigos, retarda a busca por ajuda adequada e leva a equívocos, inclusive por parte de equipes de saúde. Os transtornos mentais são doenças crônicas altamente prevalentes no mundo e resultam de um somatório de componentes biológicos, psicológicos e sociais.
Contribuem de forma marcante para morbidade e mortalidade precoces, trazendo sobrecarga relevante e dano à vida pessoal, social e ocupacional. Além disso, prejudicam a qualidade de vida dos pacientes e afetam até a comunidade ao seu redor.
Estudos recentes mostram que aproximadamente 25% da população mundial apresenta um ou mais transtornos mentais ao longo da vida. Dados epidemiológicos nacionais indicam que 29,6% da população da região metropolitana de São Paulo apresenta algum transtorno mental, sendo que dois terços destes seriam moderados ou graves.
Mais preocupante, no entanto, é a constatação que 75% dos pacientes psiquiátricos em países em desenvolvimento não recebem nenhum tratamento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A depressão é um dos transtornos mentais mais prevalentes e incapacitantes da atualidade. A OMS demonstrou que os transtornos depressivos são uma das principais causas de doença em todo o mundo, com taxas de prevalência que vão de 6 a 9% da população. Pode levar ao suicídio, sobretudo em casos mais graves e sem tratamento adequado.
Assim, é importante saber reconhecer alguns de seus sintomas como: humor deprimido, falta de prazer, energia ou vontade para atividades, desesperança, choro fácil, alterações do padrão de sono ou alimentação, isolamento social, irritabilidade, além de pensamentos ou atos suicidas.
A prevenção de eventos adversos advindos da depressão e de outros transtornos mentais passa por melhor capacitação dos profissionais de saúde, inserção sistematizada de equipes de saúde mental na atenção básica e estruturação de uma rede de saúde mental completa. Tal procedimento deveria ser padrão, principalmente em profissões de maior responsabilidade e risco para a sociedade.
Reduzir o dano trazido pela depressão e outros transtornos mentais é essencial. É necessária a conscientização da população, de forma clara e plena, sobre os sinais e sintomas dessas doenças e sua necessidade de um diagnóstico médico e tratamento multidisciplinar. É urgente a necessidade de dar um novo significado à doença mental na sociedade, afastar mitos e preconceitos e possibilitar acesso a um tratamento humanizado a todos que necessitem.