Portadores de depressão grave que não apresentam resposta satisfatória a terapias medicamentosas podem contar com mais uma opção de tratamento. Trata-se da estimulação magnética transcraniana (EMT), aprovada em 2012 pelo Conselho Federal de Medicina como prática médica no Brasil.
A técnica também foi aprovada para tratamento de alucinações auditivas (esquizofrenia) e planejamento de neurocirurgias. A estimulação magnética transcraniana é uma modalidade de neuroestimulação superficial e focal, sendo o córtex frontal o principal alvo quando usada para o tratamento da depressão.
A grande vantagem em relação a outras técnicas de estimulação cerebral é o fato de ser praticamente indolor, não invasiva e apresentar baixo índice de reações adversas. Ter sido aprovada pelo Conselho Federal de Medicina não faz da estimulação magnética transcraniana uma técnica de largo emprego. A indicação deve obedecer a determinados critérios, que começam pela análise criteriosa do histórico do paciente.
Quadros de depressão que não tenham respondido adequadamente ao tratamento com medicamentos antidepressivos ou aqueles em que a medicação não é tolerada são, em princípio, fatores para recomendação dessa técnica.
Avaliação criteriosa e cautela devem ser adotadas nos casos de indivíduos que foram anteriormente submetidos a neurocirurgias ou que usem marca-passo cardíaco. Igual cuidado deve ser dedicado a pacientes epiléticos, pessoas com histórico familiar de convulsões ou que tenham tido no passado alguma convulsão ocasional. Uma vez indicada a terapia, cabe ao médico, depois de realizar medições para determinar o exato local das aplicações, definir parâmetros como frequência e intensidade da carga, com base na gravidade da patologia, idade e condições gerais do paciente.
O procedimento pode ser ambulatorial e é feito com o paciente acordado. Uma leve dor de cabeça na área que recebe a carga costuma ser a principal reação adversa relatada. Em média, de 15 a 20 sessões, com 20 minutos de duração cada, são suficientes para uma melhora sensível da grande maioria dos pacientes, muitos dos quais atingem remissão total dos sintomas.
Além das indicações aprovadas, há atualmente uma série de pesquisas em andamento para aplicação da estimulação magnética transcraniana para diversas finalidades – da recuperação de sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) ao tratamento do mal de Parkinson e de transtornos alimentares. Nessas indicações, porém, a técnica deve continuar sendo um procedimento experimental, praticado mediante protocolos de pesquisa.