É difícil explicar como é sentir depressão ou ansiedade. Pessoas que as apresentam, muitas vezes têm sentimentos conflitantes. Através do trabalho fotográfico de Katie Joy Crawford, My Anxious Heart (“Meu Coração Aflito” – tradução livre), é possível ter noção da forma física de alguns sintomas que às vezes passam despercebidos, como coração acelerado, falta de ar e tontura. Crawford é estudante de fotografia e fez um ensaio muito íntimo sobre a ansiedade e depressão. Ela lutou por quase uma década e conseguiu capturar e expor a sua jornada emocional. Cada imagem é acompanhada de uma fala própria explicando como se sentia e como cada um dos sintomas se apresentava.
“Eu tinha medo de dormir. Eu senti o pânico mais bruto na escuridão plena. Na verdade, escuridão completa não era assustador. Era o pouco de luz que projetava uma sombra — uma sombra aterrorizante.”
“Falavam-me para respirar. Eu posso sentir meu peito se movendo para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Mas por que sinto que estou sufocando? Eu seguro minha mão debaixo do meu nariz, certificando que há ar. Eu ainda não consigo respirar.”
“Um prisioneiro de minha própria mente. O instigador dos meus próprios pensamentos. Quanto mais eu penso, pior fica. Quanto menos eu penso, pior fica. Respire. Apenas respire. Derive. Isso vai aliviar em breve.”
“Cortes tão profundos que parece que nunca vão se curar. Dor tão real, é quase insuportável. Eu me tornei isso… este corte, essa ferida. Tudo o que sei é a mesma dor, respiração afiada, olhos vazios, com as mãos trêmulas. Se é tão doloroso, por que deixá-lo continuar? A menos que… talvez seja tudo que você sabe.”
“Você foi criado para mim e por mim. Você foi criado para minha reclusão. Você foi criado na defesa venenosa. Você é feito de medo e de mentiras. Medo de promessas não correspondidas e de perder a confiança tão raramente dada. Você foi formando toda a minha vida. Mais forte e mais forte.”
“Não importa o quanto eu resisto, sempre estará aqui desesperado para me segurar, me cobrir, me quebrar. Todo dia eu luto contra isso. ‘Você não é bom o suficiente para mim e nunca será’. Mas lá está ele, esperando por mim quando eu acordar e pronto para me segurar enquanto eu durmo. Ele tira o meu fôlego. Ele me deixa sem palavras.”
“Eu tenho medo de viver e eu tenho medo de morrer. Que maneira de existir!” “É estranho — na boca do seu estômago. É como quando você está nadando e você quer colocar os pés para baixo, mas a água é mais funda do que você pensou. Você não pode tocar o fundo e seu coração para de bater.”
“Minha cabeça está enchendo com hélio. O foco está desaparecendo. Uma decisão tão pequena para tomar. Uma pergunta tão fácil de responder. Minha mente não está deixando. É como mil circuitos atravessando ao mesmo tempo.”
“Um copo de água não é pesado. É quase sem sentido quando você tem que escolher um. Mas e se você não poderia esvaziá-lo? E se você tivesse que suportar seu peso por dias, meses, anos? O peso não muda, mas a carga sim. Em certo ponto, você não consegue se lembrar como a luz costumava parecer. Às vezes, leva tudo em você fingir que não está lá. E, às vezes, você apenas tem que deixá-lo cair.”
“Sensação de dormência. Que contraditório. Quão apropriado. Você pode realmente se sentir dormente? Ou é a incapacidade de sentir? Estou tão acostumada a me sentir dormente que eu comparo com um sentimento real?” “Depressão é quando você não consegue sentir nada. Ansiedade é quando você sente tudo demais. Sentir os dois é uma guerra constando dentro da sua mente. Sentir os dois significa nunca ganhar.”