Um rapaz de 28 anos, que prefere não ter a identidade revelada, é usuário de crack há 10 anos. O envolvimento com as drogas começou quando ele era traficante e os efeitos do vício abalaram a vida dele e da família.
Por causa da droga ele foi morar nas ruas, onde vive há oito meses. “Eu tinha minha casa e vivia sossegado. Até que me envolvi com a venda de drogas e quando provei não consegui mais largar. Decidi morar na rua porque eu vendi tudo dentro de casa e não aguentava ver minha mãe comprando tudo de novo. Eu lavava carros nas ruas para conseguir o dinheiro do crack”, desabafou.
Recentemente ele soube que poderia buscar tratamento de graça no Programa Anjos da Paz. O programa tem contribuído para que pessoas que não conseguiam largar o vício das drogas aceitem o tratamento voluntário. Além de receber usuários que buscam ajuda na sede do programa, os Anjos da Paz também atendem chamados para visitar os dependentes químicos em casa.
Um diferencial nesse tipo de assistência. Uma dupla de “Anjos”, sendo um psicólogo e uma assistente social, conversam com os dependentes para mostrar as vantagens do acolhimento. “O objetivo do Programa é converter essa medida involuntária para que o paciente aceite o tratamento.
Para quem ainda não completou 18 anos de idade, a família deve buscar ajuda também com o Conselho Tutelar”, afirmou o psicólogo do Programa Anjos da Paz. A assistente social Juliana Silva explica que a família do dependente também recebe uma atenção especial. “O assistente social verifica a situação de vulnerabilidade e ajuda a família”, disse.
A Defensoria Pública do Estado tem um convênio com o programa e determinou mais de 450 internações involuntárias só no ano passado. Depois da visita dos Anjos da Paz, mais da metade dos usuários mudou de ideia e resolveu aceitar o tratamento voluntariamente.
Todos os dependentes recebem tratamento gratuito em casas de acolhimento. Um jovem de 25 anos era dependente de crack e foi acolhido há um mês. Para ele, a visita dos Anjos foi fundamental para o início do tratamento.
“Eles foram a luz de Deus na minha vida. Eu tenho fé que vou conseguir sair desse vício”, diz. O programa também ajuda pessoas do interior. Francisco dos Santos Júnior, 25 anos, veio de Viçosa e vai ficar acolhido por seis meses. Ele acredita que o tempo é suficiente para que ele saia recuperado. “O que eu mais quero é sair desse vício. Eu já perdi tudo que eu tinha, não quero perder a minha vida”, afirmou.
O coordenador da casa de acolhimento, Oscar Francisco Ramos, explica como o tratamento é feito. “Eles passam seis meses aqui e podem ficar por até mais seis meses como voluntários. Eles recebem visitas aos domingos e fazemos terapia em grupo. Nós também acompanhamos a família”, afirmou.
Há mais 39 comunidades terapêuticas em Alagoas onde é feito o tratamento do dependente químico.