Estudos recentes comprovam o que muitos já suspeitavam: a ansiedade atinge níveis mais elevados entre os 40 e 60 anos. Essa fase da vida, muitas vezes associada à chamada “crise da meia-idade”, carrega uma carga emocional, física e social intensa que pode desencadear sintomas severos de ansiedade – e até transtornos relacionados.
Um levantamento do Office for National Statistics (ONS), do Reino Unido, analisou dados de bem-estar entre 2012 e 2015 e constatou que os maiores níveis de ansiedade ocorrem entre pessoas de 50 a 54 anos. Em contrapartida, os mais jovens (16 a 19 anos) e os idosos (65 a 79 anos) apresentam os índices mais altos de felicidade e satisfação com a vida.
Por que esse pico de ansiedade?
A médica britânica Helen Webberley, da Oxford Online Pharmacy, observa que as queixas de ansiedade são especialmente comuns entre mulheres na meia-idade. “Vejo pacientes sobrecarregadas com múltiplos papéis: trabalho, filhos, casa e cuidados com os pais idosos. As exigências são muitas e, frequentemente, não há rede de apoio suficiente”, explica.
Essa fase da vida também costuma trazer consigo eventos significativos, como divórcios, perdas familiares, aposentadoria de cônjuges, instabilidade financeira, preocupações com a saúde e a saída dos filhos de casa – elementos que contribuem para o aumento do estresse crônico.
Segundo a psicóloga Rachel Boyd, da organização britânica Mind, muitos pacientes relatam que, após os 60 anos, há uma redução da ansiedade devido à aposentadoria, à diminuição das responsabilidades e à maior aceitação da própria trajetória. “As pessoas passam a exigir menos de si e a valorizar mais o presente”, afirma.
O que diz a ciência?
Um estudo publicado em 2020 no BMJ Open revelou que a curva da ansiedade ao longo da vida é em forma de U invertido: ela começa relativamente baixa na juventude, cresce significativamente entre os 40 e 60 anos e volta a cair na velhice. Os pesquisadores apontam que as responsabilidades acumuladas na meia-idade explicam grande parte desse fenômeno.
Outro estudo, de 2022, conduzido pela American Psychological Association, reforçou que pessoas entre 45 e 59 anos apresentam os maiores níveis de “overload emocional”, com tendência a desenvolver quadros de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), síndrome de burnout e até depressão.
Quando a ansiedade se torna um problema de saúde mental?
A ansiedade é uma emoção natural diante de situações de risco ou desafio. No entanto, quando ela se torna constante, intensa e interfere nas atividades do dia a dia, pode configurar um transtorno.
“Sintomas como palpitações, tensão muscular, sudorese, dificuldade para respirar, insônia, pensamento acelerado e medo constante são sinais de alerta. Ataques de pânico recorrentes, evitação social e preocupação excessiva também indicam a necessidade de ajuda profissional”, alerta a equipe médica do Hospital Santa Mônica.
O que fazer?
Se você está entre os 40 e 60 anos e percebe que a ansiedade está comprometendo sua qualidade de vida, é importante buscar apoio. O tratamento pode incluir:
- Psicoterapia (especialmente as abordagens cognitivo-comportamental e psicodinâmica);
- Atividade física regular, que regula neurotransmissores;
- Técnicas de relaxamento, como mindfulness e respiração diafragmática;
- Medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos, quando indicados por um psiquiatra;
- Mudanças no estilo de vida, como sono de qualidade, alimentação equilibrada e redução do consumo de álcool e cafeína.
Como o Hospital Santa Mônica pode ajudar
Referência nacional em saúde mental, o Hospital Santa Mônica oferece tratamento especializado para transtornos de ansiedade em adultos e idosos, com equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e profissionais de educação física.
Os atendimentos são individualizados e respeitam as particularidades de cada fase da vida, com foco na recuperação emocional, autonomia e reintegração social.