A cura do cérebro – Como Adriana Fóz, reabilitou seu cérebro após um AVC – Acidente Vascular Cerebral e por meio de sua experiência orienta pessoas em suas superações
Adriana Fóz, além de Educadora formada pela USP, é pós-graduada em Psicologia da Educação (USP), especialista em Psicopedagogia (Instituto Sede Sapientiae) e Neuropsicologia (CDN-Unifesp). Atende, em consultório, pacientes adolescentes e adultos. Também atende na reabilitação neuropsicológica com parceria interdisciplinar. É gestora-coordenadora do Projeto Cuca Legal — Programa de Prevenção em Saúde Mental nas Escolas (Psiquiatria/Unifesp). É também coordenadora clínica da Unidade Vila Nova, especializada em Medicina Integrativa aplicada em Saúde Mental.
Há alguns anos atrás, com 32 anos de idade, sua vida deu uma reviravolta quando sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico). Passou quatro meses internada e quatro anos em reabilitação. Perdeu os movimentos do lado direito do corpo e não reconhecia nem mesmo seu próprio marido, com quem estava casada havia dez anos. “Eu, que era especialista em leitura e escrita, não sabia mais ler nem escrever”, conta. “Foi como se tivesse dado um reset no meu HD interno, no qual eu precisava colocar tudo novamente.”
Com depressão patológica e limitações físicas e cognitivas, Adriana parou de clinicar e começou a buscar outras atividades à medida que sua recuperação progredia. Fez aulas de samba, para reaprender cognitivamente a andar, e curso de palhaço, para rir de si mesma, aulas de pintura para aprender a me expressar. “Fui desenvolvendo habilidades que até então eu não precisava, já que antes eram automáticas, como andar ou segurar uma escova de dentes.”
Esses “novos” hábitos já mencionados, atrelados com uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas, foram fundamentais para que adentrasse mais a fundo no campo da neurociência. “Eu precisava entender por que, apesar de eu não ter tido um derrame no cerebelo (parte do cérebro responsável pela ação motora), eu não podia andar direito. Por que a minha visão havia ficado comprometida, se minha região occipital (parte do cérebro que comanda a visão) não havia sofrido nenhum dano? Por que não sabia mais ler nem escrever, se a região parietal (responsável pela leitura e escrita) estava sem nenhuma lesão?”
Uma jornada em que ela questionou, buscou informações e transformou tudo isso em atitudes como escrever livros de poesia para crianças, existem vários editados e que culminaram em quem ela é hoje, alguém saudável e que busca ajudar pessoas!
Hoje, recuperada, Adriana relatou sua história de superação e fala com propriedade e sutileza sobre um novo conceito que criou e denominou de “Plasticidade Emocional”. As investigações prosseguiram e acabaram dando origem ao livro A Cura do Cérebro, em que Adriana desvenda, a partir de sua batalha e recuperação do AVC, outras indagações como: por que ela precisava raciocinar para que então pudesse andar ou por que a recuperação da memória era gradual. A viagem pelo cérebro avançou também rumo à academia. Anos depois, já reabilitada, a educadora especializou-se em neuropsicologia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), bem como outras, como por exemplo, Funções Executivas e Neurociências, no Cape Cod Institute, Massachusetts.
Reforça o quanto a busca pela recuperação é um ato que depende muito do esforço individual de cada paciente, ou seja, do paciente tem que estar no centro do seu tratamento, sendo responsável e autor de sua recuperação. A família também é muito importante, assim como é fundamental poder contar com o suporte de um psiquiatra e equipes terapêuticas que atuam em atividades como a musicoterapia, o trabalho realizado por cães terapeutas, a fonoaudiologia, a terapia ocupacional, fisioterapia, atividades físicas e esportivas, coaching ontológicos, todos esses trabalhos atuando de forma integrada para o processo de reequilíbrio e recuperação do paciente.
Fonte: Adriana Fóz, neuropsicóloga
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