O estudo sobre Jovens e UPI: A relação com a ansiedade, depressão e estresse, feito por Ivone Patrão, docente do ISPA (Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida), questionou 645 jovens que frequentam o sétimo, oitavo e nono ano do ensino básico. Os resultados indicam que existe uma relação significativa entre o Uso Problemático da Internet (UPI), a ansiedade, a depressão e o estresse.
A investigação identificou 10% destes jovens com UPI. Quase metade destes jovens (40%) com UPI assumem que estão dependentes de estar on-line, diz Ivone Patrão. A autora apurou que o jovem relaciona este uso da internet ao bem-estar. “É contraditório, mas compreensível, dado a faixa etária e as tarefas comuns na adolescência”. Eles sentem-se bem, pois conseguem estar conectados ao grupo e sentirem que pertencem a ele, ainda que a via seja o on-line. Como explicou, até jogar os jogos on-line dá a percepção de pertencer a um grupo, apesar de haver pouca comunicação entre eles, pois o tema é só o jogo.
Ivone Patrão se depara diariamente, no decurso da sua prática clínica, com o fenômeno dos jovens que dependem da internet e reconhece que este está a aumentar. O Uso Problemático da Internet é uma patologia, para a qual já se fazem tratamentos. “Atendo todos os dias jovens e famílias que chegam por vários motivos, como alterações no comportamento dos filhos, faltas às aulas, tempos livres totalmente ocupados com o computador”, disse. Na origem destes problemas está, cada vez mais, o UPI. “Quando fazemos a triagem entendemos que o jovem está mais isolado e revela sintomas de dependência da ou na internet”.
Um desses sintomas é a irritabilidade quando não deixam o jovem jogar computador a uma determinada hora em que outros jovens estão também a jogar. Ivone Patrão identificou jovens deprimidos, para quem a internet funciona como um escape, mas também o contrário: jovens com um percurso normal, mas que se cruzam com a onda de jovens que usam a internet. Paralelamente com esta dependência da internet, estes jovens manifestam ausência de atividades face a face. “Começamos a ver que não têm amigos, não têm rede além da on-line e isso vai colocando-os em risco”, finaliza.