A Síndrome do Impostor é um fenômeno psicológico no qual indivíduos bem-sucedidos duvidam de suas realizações e têm um medo persistente de serem expostos como “fraudes”.
Apesar de evidências externas de competência, essas pessoas acreditam que não merecem o sucesso alcançado e atribuem suas conquistas à sorte ou ao engano. Embora não seja reconhecida como um transtorno oficial no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a Síndrome do Impostor é amplamente estudada e discutida na literatura psicológica.
Neste artigo, a Dra. Luciana Mancini Bari, médica com foco em saúde mental, convidada do Hospital Santa Mônica, fala sobre o que é a Síndrome do Impostor, sinais e sintomas e o impacto no trabalho, acompanhe aqui e se você conhecer alguém com estes sinais fique atento e busque ajuda para cuidar da sua saúde mental. Boa leitura!
Identificação de sinais e sintomas
A dra. Luciana comenta que os sinais da Síndrome do Impostor podem variar, mas comumente incluem:
- Autocrítica excessiva: Dúvidas constantes sobre as próprias habilidades e um senso de incompetência, mesmo diante de sucessos evidentes.
- Medo de exposição: Receio intenso de que outros descubram uma suposta falta de capacidade ou conhecimento.
- Atribuição de sucesso a fatores externos: Creditar realizações à sorte, timing ou erro de avaliação dos outros, ao invés de reconhecer o próprio mérito.
- Perfeccionismo: Estabelecimento de metas extremamente altas e insatisfação crônica com os próprios resultados.
- Sobrecarga de Trabalho: Esforço excessivo para evitar que outros percebam uma suposta incompetência, levando a um ciclo de exaustão e ansiedade.
Esses sintomas podem levar a sentimentos de ansiedade, estresse e depressão. Um estudo publicado na International Journal of Medical Education encontrou uma correlação entre a Síndrome do Impostor e o burnout entre estudantes de medicina americanos.
Impacto no ambiente de trabalho
A médica reforça ainda que no contexto corporativo, a Síndrome do Impostor pode afetar negativamente o desempenho e o bem-estar dos funcionários. Indivíduos podem evitar novas responsabilidades ou promoções por medo de não estarem à altura, o que limita o crescimento profissional e a inovação dentro da empresa. Além disso, a ansiedade e o estresse associados podem resultar em menor satisfação no trabalho e aumento do risco de esgotamento profissional.
Curiosamente, pesquisas recentes sugerem que pensamentos de impostor podem ter um lado positivo. Um estudo do MIT Sloan School of Management descobriu que indivíduos com esses pensamentos tendem a ser mais orientados para os outros, resultando em maior eficácia interpessoal.
Relatos e experiências
Muitos profissionais compartilham experiências relacionadas à Síndrome do Impostor. Por exemplo, um membro da comunidade da Mayo Clinic nos Estados Unidos, expressou sentimentos de inadequação após ser tratado com respeito e admiração devido à sua experiência com câncer, destacando a dificuldade em conciliar a percepção externa com a autoimagem.
Além disso, um artigo do The Guardian relatou a experiência de um profissional de origem imigrante que, apesar de ter alcançado uma posição de liderança, sentia-se intimidado ao interagir com colegas seniores, refletindo os desafios contínuos associados à Síndrome do Impostor.
Estratégias de tratamento e gestão
Embora a Síndrome do Impostor não seja um diagnóstico clínico formal, existem estratégias eficazes para gerenciá-la:
- Reconhecer e nomear os sentimentos: Identificar e aceitar a presença da Síndrome do Impostor é o primeiro passo para enfrentá-la.
- Compartilhar experiências: Conversar com mentores, colegas ou grupos de apoio pode normalizar os sentimentos e fornecer novas perspectivas.
- Reavaliar padrões de sucesso: Estabelecer metas realistas e reconhecer que a perfeição é inatingível pode aliviar a pressão autoimposta.
- Buscar feedback objetivo: Solicitar e aceitar feedback construtivo ajuda a alinhar a autoimagem com a realidade das competências e realizações.
- Praticar a autocompaixão: Ser gentil consigo mesmo e reconhecer que erros e falhas são parte do crescimento profissional.
A American Psychological Association sugere que reformular pensamentos negativos e celebrar sucessos, por menores que sejam, pode ajudar a mitigar os efeitos da Síndrome do Impostor.
A Síndrome do Impostor é uma experiência comum entre profissionais de diversas áreas e níveis hierárquicos. Reconhecer seus sinais e compreender seu impacto é essencial para promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Ao implementar estratégias de gestão eficazes, indivíduos e organizações podem transformar a autocrítica em autoconhecimento, permitindo que talentos sejam plenamente realizados e reconhecidos.
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