Comunicado: A partir de 1º de novembro, os atendimentos do Centro de Cuidados em Saúde Mental serão realizados no Hospital Santa Mônica em Itapecerica da Serra - SP Saiba mais

Saúde Mental

Espiritualidade e Saúde Mental: o que o CBP 2025 revelou sobre essa conexão essencial

Como a espiritualidade pode fortalecer a saúde emocional e auxiliar no tratamento psiquiátrico, segundo especialistas da ABP

A relação entre espiritualidade e saúde mental ganhou destaque no Congresso Brasileiro de Psiquiatria 2025, principalmente após a conferência do Dr. Alexander Moreira Almeida, psiquiatra, pesquisador e referência internacional no tema.

Evidências científicas mostram que práticas espirituais — quando respeitosas, seguras e alinhadas à cultura do paciente — estão associadas a menor prevalência de depressão, redução do uso de álcool e drogas e recuperação mais rápida em diversos transtornos psiquiátricos.

A espiritualidade, segundo o especialista, não é um substituto para o tratamento médico, mas um componente humano fundamental que pode potencializar o cuidado.

Por que falar de espiritualidade na psiquiatria contemporânea?

Durante décadas, a saúde mental foi compreendida de forma estritamente técnica e biomédica. Entretanto, estudos das últimas duas décadas — conduzidos por instituições como Harvard, Duke University e OMS — vêm demonstrando que dimensões espirituais fazem parte da experiência humana e influenciam o bem-estar psicológico.

O Dr. Alexander Moreira Almeida, professor titular da UFJF e fundador da Seção de Espiritualidade da ABP, reforçou no CBP 2025 que mais de 3.000 estudos científicos já investigaram a relação entre religiosidade/espiritualidade e saúde mental. A maioria deles aponta resultados positivos, especialmente em quadros de ansiedade, depressão e comportamentos relacionados ao uso de substâncias.

“Ignorar a espiritualidade é ignorar uma parte importante da vida do paciente”, destacou o psiquiatra na conferência.

Evidências científicas: o que os estudos mostram?

Pesquisas internacionais revelam que pessoas com maior envolvimento religioso ou espiritual apresentam:

  • 40% menor risco de desenvolver depressão, Harvard T.H. Chan School of Public Health, 2020.
  • Até 60% menos chance de uso problemático de álcool e outras substâncias, Duke University, 2017.
  • Maior resiliência em situações de estresse, luto e doenças graves.
  • Melhor adesão ao tratamento médico, incluindo uso correto de medicações.
  • Recuperação mais rápida após episódios psiquiátricos.

Esses benefícios não estão relacionados a uma religião específica, mas à vivência subjetiva de propósito, conexão, esperança e sentido de vida.

Como a espiritualidade auxilia no tratamento psiquiátrico?

A espiritualidade pode funcionar como um fator de proteção emocional, oferecendo ao paciente:

  • senso de pertencimento (comunidade, apoio social);
  • esperança e motivação para a recuperação;
  • práticas que reduzem o estresse (orações, meditação, rituais simbólicos);
  • valores que favorecem autocuidado, disciplina e resiliência.

Na prática clínica, psiquiatras e psicólogos são orientados — inclusive pela OMS e pela ABP — a perguntar sobre a espiritualidade dos pacientes como parte da avaliação integral, sempre com respeito e sem indução religiosa.

O papel do Hospital Santa Mônica

O Hospital Santa Mônica, referência em saúde mental e psiquiatria, integra essa visão ampliada do cuidado. A equipe multidisciplinar inclui psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e enfermeiros capacitados a:

  • acolher a dimensão espiritual do paciente, se ele desejar;
  • integrar práticas seguras, como grupos de apoio, meditação e rodas de reflexão;
  • orientar sobre comportamentos relacionados ao uso de substâncias com abordagem humanizada;
  • oferecer tratamento baseado em evidências, aliado ao respeito às crenças pessoais.

O modelo do hospital reforça que espiritualidade não substitui o tratamento médico, mas pode somar como estratégia de fortalecimento emocional e motivacional.

Espiritualidade não é religião: qual a diferença?

A espiritualidade é uma experiência interna de busca por sentido, conexão e propósito. Já a religião envolve doutrinas, rituais e comunidades organizadas. Ambas podem coexistir, mas a espiritualidade é mais ampla e pessoal.

Na saúde mental, o foco é compreender o que faz sentido para o paciente, e não promover qualquer crença.

Riscos e limites: quando a espiritualidade pode prejudicar?

Embora traga benefícios, a espiritualidade pode gerar impactos negativos quando:

  • é utilizada como substituição do tratamento médico (“fé suficiente para curar”);
  • envolve práticas abusivas, promessas de cura milagrosa ou exploração emocional;
  • reforça culpa, medo ou sentimentos de inadequação.

Por isso, profissionais qualificados avaliam sempre o contexto e orientam com responsabilidade.

Exemplos práticos: espiritualidade no cotidiano do paciente

  • Uma paciente com depressão que encontra motivação em participar de grupos comunitários religiosos — aumentando rede de apoio.
  • Um jovem com transtorno por uso de substâncias que incorpora meditação guiada para controlar impulsos.
  • Um paciente em luto que encontra na espiritualidade uma forma de ressignificar perda e reduzir sintomas ansiosos.

Essas práticas são complementares ao tratamento psiquiátrico e devem ser acompanhadas por profissionais.

FAQ – Perguntas e Respostas sobre Espiritualidade e Saúde Mental

  1. A espiritualidade substitui o tratamento psiquiátrico?
    Não. A espiritualidade pode apoiar a recuperação, mas não substitui medicação, psicoterapia ou acompanhamento médico.
    Fontes: OMS (https://www.who.int), Harvard (https://www.harvard.edu).
  2. Qual a diferença entre espiritualidade e religião?
    Espiritualidade é uma busca individual por sentido; religião é organizada, com rituais e doutrinas.
    Fonte: APA – American Psychological Association (https://www.apa.org).
  3. Espiritualidade realmente melhora a saúde mental?
    Sim, estudos mostram redução de sintomas depressivos e maior bem-estar emocional.
    Fonte: Duke University (https://duke.edu).
  4. Pessoas religiosas usam menos álcool e outras substâncias?
    Pesquisas indicam menor prevalência de comportamentos relacionados ao uso de substâncias entre pessoas com maior envolvimento religioso.
    Fonte: Journal of Substance Abuse (https://www.sciencedirect.com).
  5. Profissionais de saúde devem perguntar sobre espiritualidade?
    Sim, a OMS recomenda incluir esse tema na avaliação integral do paciente.
    Fonte: OMS (https://www.who.int).
  6. Há riscos na prática espiritual?
    Sim, quando envolve manipulação, culpa ou substituição do tratamento médico.
    Fonte: ABP (https://www.abp.org.br).
  7. Meditação é considerada prática espiritual?
    Sim, e estudos mostram que pode reduzir ansiedade e estresse.
    Fonte: NIH – National Institutes of Health (https://www.nih.gov).
  8. O Hospital Santa Mônica integra a espiritualidade no cuidado?
    Sim, respeitando sempre as crenças do paciente e sem substituir o tratamento psiquiátrico.
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