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Cyberbullying e estresse: causas da automutilação e suicídio

Quase metade dos funcionários das escolas britânicas acredita que alunos sob sua tutela se feriram propositalmente e quase um de cada cinco conheciam casos de jovens tentando o suicídio, segundo um novo levantamento.

Dos mais de 400 integrantes da Association of Teachers and Lecturers (ATL) que responderam a uma pesquisa, 81% disseram ter conhecimento de alunos tentando o suicídio por causa de estresse.

O cyberbullying e o desejo de ser popular estão entre as causas de estresse mais comuns entre os alunos.

Evidências informais de membros da ATL, divulgadas na conferência anual da entidade, incluem testemunhos como o de um funcionário de uma escola de Londres, que disse: “Vi um grande aumento nos sintomas físicos de estresse e nos incidentes de automutilação. Pensamentos suicidas estão saindo do controle.”

Samantha Barlow, mentora de uma escola de ensino fundamental de Manchester, disse aos pesquisadores: “O governo e as autoridades estão unicamente interessados em níveis e notas e colocam uma pressão enorme em crianças de apenas seis anos de idade para que elas se sintam ansiosas em relação às provas”.

Um professor de Norfolk descreveu questões de saúde mental como “a maior barreira para o progresso acadêmico”, e um conselheiro em Warwickshire disse que o sistema de avaliações e o tempo passado na frente do computador significam que “não é surpresa que eles sofram cada vez mais com doenças mentais”.

Uma professora do ensino fundamental em Somerset afirmou: “Professores não são assistentes sociais, psicólogos ou terapeutas, mas cada vez mais exige-se que eles cumpram esses papéis”.

Professores falam de saúde mental
20% dizem que seus alunos tentaram o suicídio

48% dizem que alunos de suas escolas se automutilaram

43% dizem que os estudantes apresentaram transtornos alimentares

A rede de TV Sky News falou com uma estudante chamada Abigail, que disse ter começado a se mutilar quando tinha 9 anos.

“Há muita pressão por bom desempenho”, disse ela.

“Também de se adequar socialmente… todo mundo passa por muitas mudanças… é tudo muito confuso.”

Os comentários de Abigail são sustentados pelo levantamento, que indicou que 89% dos funcionários das escolas acreditam que as provas contribuem para o estresse das crianças.

A pressão para ter boas notas (70%), uma vida doméstica fragmentada (68%) e um currículo escolar sobrecarregado (59%) também foram consi

derados fatores chave do impacto negativo sobre a saúde mental das crianças, segundo o estudo.

O governo e as autoridades estão unicamente interessados em níveis e notas e colocam uma pressão enorme em crianças de apenas seis anos de idade para que elas se sintam ansiosas em relação às provas

Mary Bousted, secretária-geral da ATL, afirmou: “É terrível que os jovens sintam tanta pressão, que muitos estão se mutilando e contemplando o suicídio”.

“O governo é responsável por muito desse estresse, que parece ter suas raízes num currículo sobrecarregado e muito focado em provas. A ATL quer que todas as escolas tenham profissionais treinados para apoiar os alunos, além de um sistema educacional que motive e envolva as crianças, em vez de um que gera pressão constante.”

Um porta-voz do Departamento de Educação afirmou: “Estamos investindo 1,5 milhão de libras (7,7 milhões de reais) em esquemas de apoio entre os próprios alunos, e também testando um esquema com o serviço nacional de saúde para que haja pontos centralizados de contato, a fim de melhorar a disponibilidade do apoio para questões de saúde mental”.

“Provas são parte chave para garantir que os jovens dominem as habilidades de que precisam para atingir seu potencial e ter sucesso na vida.”

“Mas tomamos medidas reais para garantir que os alunos não estejam numa esteira constante de revisão e provas.”

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