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Psiquiatria

Aumentam os suicídios entre mulheres. O que podemos fazer?

Segundo dados divulgados no Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil elaborado pelo Ministério da Saúde  em 2017, houve um aumento de 12% em quatro anos, do número de mulheres no Brasil. Ainda segundo o boletim,  as mulheres representam 69% das tentativas de suicídio no Brasil, sendo que um terço dessas mulheres tentou se matar mais de uma vez.

Para a elaboração do Boletim, foram utilizados dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017  e da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2014 como base. As informações preocupam: entre 2011 e 2015, o índice de suicídios no Brasil cresceu 12%. Em 2015, foram 11.736 notificações no país.

Os homens foram as principais vítimas de morte causada por lesões autoprovocadas (79%) entre 2011 e 2016. No entanto, nesse período, as mulheres atentaram mais contra a própria vida (69% das tentativas) e foram mais reincidentes – um terço dessas tentaram suicídio mais de uma vez. A violência doméstica é apontada como principal causa das tentativas feitas por mulheres.

O boletim também aponta que maior parte dos suicídios acontece entre pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas (60,4% contra 31,5% de pessoas casadas ou em união estável). Além disso, o problema é maior na Região sul do país: ela concentra 23% dos suicídios e 14% da população, enquanto a Região Sudeste concentra 38% dos suicídios e 42% da população.

Outro dado preocupante é em relação à população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2 por 100 mil habitantes) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7). A incidência é maior na faixa etária entre 10 e 19 anos (44,8%)

Na tentativa de reverter a situação, o Ministério da Saúde amplia suas ações de combate ao suicídio com quatro ações principais:

  • Lançamento da Agenda de Ações Estratégicas para a vigilância e prevenção do suicídio e promoção da saúde no Brasil 2017-2020
  • Ampliação do Acordo de Cooperação Técnica com o Centro de Valorização da Vida (CVV)
  • Materiais direcionados aos profissionais de saúde, população e jornalistas
  • Discussão permanente de Grupo de Trabalho envolvendo as Secretarias de Vigilância, de Atenção à Saúde e de Saúde Indígena

No Reino Unido, por exemplo, em 2014, aconteceram 831 casos de suicídio feminino. Esse número cresceu para 902 mortes em 2015.

Embora o número possa parecer pequeno em comparação com o número de homens que tiraram suas vidas – um chocante número de 2.997 indivíduos, menos que os 3.020 em 2014 – o fato de estar aumentando é um enorme motivo de preocupação.

Dados preocupantes

Especialistas enfatizaram que precisamos ter “cuidado” ao tirar conclusões “cedo demais” desses números divulgados pelo Ministério da Justiça.

Sabemos que as taxas de suicídio entre as mulheres aumentaram durante o ano, mas um insight mais profundo, até mesmo sobre a idade das mulheres, ainda não está disponível.

“A preocupação é que esse possível aumento possa ocorrer devido a taxas crescentes entre mulheres jovens e mulheres de meia-idade, com mais de 50 anos”, disse o Professor Louis Appleby no Centro de Saúde Mental e Segurança, da Manchester University.

Se elas tinham 50 anos ou mais, isso poderia sugerir que as mulheres estão se unindo aos homens entre os mais vulneráveis durante a meia-idade.

“Se são mulheres jovens, isso se encaixa com uma preocupação sobre o comportamento suicida e a saúde mental no geral em jovens no momento”.

Papyrus, uma organização de caridade que foca na prevenção de suicídio entre jovens, descobriu que as questões de baixa autoestima, assim como o abuso emocional e físico, são frequentes entre mulheres jovens suicidas.

Na Inglaterra, as mulheres são mais propensas do que os homens a terem problemas de saúde mental comuns e são quase duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas com distúrbios de ansiedade.

“As taxas de suicídio sempre foram altas em homens”, disse o consultor psiquiátrico do Priory, o Dr Paul McLaren, ao The Huffington Post UK.

“Tentativas de suicídio e pensamento relacionado ao suicídio têm sido geralmente mais altos em mulheres”.

 

 

Então, daqui para frente, como podemos prevenir que se percam mais vidas?

Os especialistas criticaram a falta de serviços do Sistema Nacional de Saúde, (NHS nas siglas em inglês) dedicados aos problemas mentais.

Como resultado, muitas pessoas não estão recebendo o apoio certo na hora certa e, por consequência, elas têm ficado mal e chegado a esse ponto de crise.

 

 

 

 

Para aqueles que acreditam que seus pensamentos suicidas possam ser alimentados por um problema de saúde mental, o Dr McLaren também estressa a importância de buscar ajuda profissional.

“Se você sofre com depressão, então por favor busque tratamento porque pode ser muito efetivo”, disse. “Você provavelmente verá o futuro de outra forma quando fizer isso”.

Heyes, do Mind, acrescentou que as campanhas de doenças mentais e grupos de apoio online podem ajudar as pessoas a se sentirem menos isoladas. “Frequentemente as pessoas sofrem em silêncio e consideram que é difícil buscar ajuda”, disse.

“De forma geral, estamos melhorando já que falamos sobre saúde mental e campanhas como a Time to Change (Hora de Mudar, em tradução livre) e Rethink Mental Illness (Repense as Doenças Mentais) estão ajudando a quebrar o estigma ao falar sobre.

“Se falamos abertamente sobre o suicídio, nós podemos incentivar as pessoas a buscarem ajuda antes e a terem apoio prático e emocional para ajudá-las a lidar melhor com isso”.

A fundação Mental Health Foundation ecoa esse sentimento e escolheu focar no tema de relacionamentos por meio da Semana de Conscientização de Doenças Mentais.

Ter e saber que há alguém ali para você, que se importa com seu bem-estar, cumpre um papel importante na prevenção do suicídio.

Heyes, do Mind, disse: “Umas das coisas mais importantes que você pode fazer é falar com eles sobre como se sentem e estar ali para ouvi-los.

Fonte: Huffpost Brasil e Revista Claudia

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