Depoimento
Quem conhece Carmem*, 59 anos, uma senhora bonita e falante, não imagina que desde os seus 12 anos sofre de depressão.
“Desde cedo quando ainda nem se falava sobre ir a um terapeuta, comecei a fazer análise com o apoio da minha mãe que entendia e me ajudava. Já o meu pai considerava que fazer terapia era “coisa de doido”, pensamento comum para aquela época”, afirma Carmem.
Nesta fase, não se sentia bonita, não queria ir a festas ou a bailes de pessoas da sua idade com medo de não ser tirada para dançar, era insegura consigo mesma e com relação a sua aparência, tinha consciência de que sua autoestima era baixa, como a de muitas jovens ainda o são nos seus 12 anos de idade.
Carmem se formou em odontologia, mas depois não quis seguir a carreira partindo para outros desafios, mas sempre trabalhou. Casou-se e teve 2 lindos filhos, um casal.
Fez terapia com psicólogos e psiquiatras por muitos anos até que interrompeu por conta própria. Apesar das suas emoções, conseguia levar a vida de forma um pouco mais tranquila uma vez que tinha o acompanhamento profissional. No entanto, depois dos 30 anos a situação se alterou, passou por muitas mudanças na vida profissional e pessoal que balançaram com a sua estrutura psicológica.
A filha mais velha mudou-se para os Estados Unidos para estudar em uma importante universidade americana, mais tarde o namorado a acompanhou, casaram-se e têm duas lindas meninas. O filho, mudou-se para trabalhar em outro Estado e mais tarde também se casou. Carmem, começou a sentir a “síndrome do ninho vazio”.
A Síndrome do Ninho Vazio é uma condição caracterizada pelo surgimento de um quadro depressivo por parte dos pais (afetando geralmente a mãe) após a saída dos filhos de casa, a partir do momento em que eles se tornam independentes, partindo para outra moradia.
Apesar das novas tecnologias que permitem a um custo menor ou sem custo, entrar em contato com quem mora distante, Carmem sente ter que viver longe dos filhos e das netas que tanto ama…..
Com a situação econômica do país, a empresa do marido veio a falência e eles se mudaram da capital para o litoral de São Paulo.
“Sempre tivemos uma situação financeira muito boa, viajamos muito, conhecemos lugares lindos, procurei dar o melhor em termos de cultura e educação para os meus filhos, acreditamos que essa é a melhor herança que podemos deixar. No entanto, essa virada me abalou profundamente, tivemos que nos readequar a um novo padrão de vida”, comenta Carmem.
A percepção desta mudança se dá no dia a dia, das pequenas coisas as maiores, como viajar para o exterior como fazia no passado, aos presentes dos amigos, jantares fora, dentre outras coisas.
Sem ânimo para sair, fazer caminhadas ou praticar atividades físicas, parou de fazer as unhas, cuidar do cabelo e sem acompanhamento profissional, foi ficando triste, sem perspectivas e também começou a ter ideações suicidas, ao ponto de listar o impacto da sua vida na vida das pessoas e sentir que todos poderiam caminhar sem ela.
Diante deste quadro de depressão profunda, o marido buscou ajuda e a internou em um hospital geral em São Paulo e de lá foi transferida pela equipe médica para o Hospital Santa Mônica para um atendimento focado no tratamento da sua saúde mental.
Durante o período de internação, trabalhou com a equipe médica e multiprofissional, passou a usufruir de todas as atividades e programações da agenda terapêutica, das palestras e terapias. Com a medicação e apoio terapêutico em dia, está com um brilho a mais no olhar, expõe seus sentimentos como alguém que sabe a importância que tem e o valor que a sua família a atribui.
Carmem faz planos para a sua alta, fazer aula de dança de salão com o marido, continuar a terapia, fazer caminhadas, recuperar sua saúde mental.
Aprendeu o quão é importante falar sobre seus sentimentos e emoções com a família e o fato de pedir ajuda, mas sua maior lição foi não parar a terapia, base para manter a sua saúde mental em dia.
Este foi um relato de uma paciente em tratamento para a recuperação da sua saúde mental, em acompanhamento no Hospital Santa Mônica, dado no dia anterior a sua alta médica. Para o time do Hospital fica a torcida pela sua recuperação, para que consiga restabelecer sua autoestima pela vida e se apoiar na família para a sua pronta recuperação, abraço Carmem, vá em paz!!
* O nome da paciente foi preservado a fim de manter sua privacidade!