O cigarro eletrônico, também conhecido como vaporizador ou e-cigarette, tem sido amplamente divulgado como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro convencional.
No entanto, estudos crescentes apontam para os malefícios associados ao seu uso, incluindo danos pulmonares, cardiovasculares, e impacto negativo em adolescentes.
Com o aumento de sua popularidade, especialmente entre os jovens, é fundamental entender os riscos associados a esse dispositivo e promover a conscientização sobre os perigos que ele representa.
O psicólogo especializado em dependência química do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, comenta mais sobre o assunto nesta matéria, acompanhe e boa leitura!
O que é o cigarro eletrônico e como funciona?
Os cigarros eletrônicos são dispositivos que aquecem uma solução líquida, geralmente contendo nicotina, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes, criando um aerossol inalado pelo usuário.
Apesar de não conterem a queima do tabaco, como ocorre nos cigarros tradicionais, os cigarros eletrônicos ainda expõem os usuários a substâncias químicas tóxicas e potencialmente cancerígenas.
De acordo com a Centers for Disease Control and Prevention (CDC), os cigarros eletrônicos não são seguros, independentemente da quantidade de nicotina ou do tipo de líquido utilizado.
Impacto na saúde pulmonar
Lesões pulmonares associadas ao vaping
O uso do cigarro eletrônico tem sido relacionado a uma condição conhecida como EVALI (sigla em inglês para “Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarros Eletrônicos ou Vaporizadores”). Segundo um relatório do CDC, até 2020, mais de 2.800 casos de EVALI foram registrados nos Estados Unidos, incluindo 68 mortes confirmadas.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Dificuldade respiratória.
- Tosse persistente.
- Dor no peito.
- Febre e fadiga.
Estudos indicam que a exposição prolongada ao aerossol do cigarro eletrônico pode causar inflamação crônica nos pulmões, reduzindo a capacidade respiratória ao longo do tempo.
Efeitos cardiovasculares
Pesquisas publicadas no Journal of the American Heart Association demonstram que o uso de cigarros eletrônicos pode aumentar a pressão arterial e os níveis de adrenalina, fatores que contribuem para doenças cardiovasculares, como infartos e AVC. A nicotina presente nos líquidos para vaporização é altamente viciante e interfere no funcionamento normal do coração e dos vasos sanguíneos.
Risco de dependência e entrada para o tabagismo
O cigarro eletrônico é frequentemente apresentado como uma alternativa ao tabagismo ou uma ferramenta para cessação do hábito de fumar. Entretanto, entre jovens, ele funciona como porta de entrada para o uso do cigarro tradicional. Um estudo do National Institute on Drug Abuse (NIDA) revelou que adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm até três vezes mais chances de experimentar o cigarro convencional.
Impacto nos adolescentes e jovens adultos
O apelo dos cigarros eletrônicos para os jovens é evidente. Sabores atraentes, como frutas, doces e menta, combinados com campanhas de marketing direcionadas, têm resultado em um aumento alarmante do uso entre adolescentes.
A Food and Drug Administration (FDA) relatou que, em 2022, cerca de 14% dos estudantes do ensino médio nos EUA usavam cigarros eletrônicos regularmente.
Antonio reforça que os impactos negativos incluem:
- Comprometimento do desenvolvimento cerebral: A nicotina afeta áreas do cérebro responsáveis pela atenção, memória e aprendizado.
- Aumento da ansiedade e depressão: Estudos sugerem que o uso de nicotina em jovens pode agravar ou desencadear transtornos psicológicos.
- Danos sociais: A dependência pode levar ao isolamento e impacto negativo no desempenho escolar.
Substâncias tóxicas e risco de câncer
Embora os fabricantes de cigarros eletrônicos aleguem que seus produtos são mais seguros do que os cigarros convencionais, isso não significa que sejam inofensivos. Substâncias como formaldeído, acetaldeído e metais pesados (como chumbo e níquel) foram detectadas no aerossol produzido pelos dispositivos. Esses compostos são conhecidos por serem cancerígenos e tóxicos para o corpo humano.
Desafios regulatórios
Apesar do crescente corpo de evidências científicas sobre os perigos dos cigarros eletrônicos, a regulamentação desses dispositivos ainda é inconsistente em muitos países.
Nos Estados Unidos, a FDA tem implementado medidas restritivas, como a proibição de sabores que atraem os jovens.
No Brasil, a comercialização e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), mas o mercado ilegal continua a crescer.
O papel dos profissionais de saúde
Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial na conscientização e na prevenção do uso de cigarros eletrônicos. Campanhas educativas devem ser implementadas em escolas, universidades e comunidades para alertar sobre os riscos associados ao vaping. O Hospital Santa Mônica está comprometido em oferecer suporte a pacientes que buscam tratamento para dependência de nicotina, incluindo o uso de cigarros eletrônicos.
Alternativas seguras para cessação do tabagismo
Embora o cigarro eletrônico seja frequentemente promovido como uma ferramenta para parar de fumar, existem métodos mais seguros e eficazes, incluindo:
- Terapias de reposição de nicotina (TRN): Adesivos, chicletes e pastilhas.
- Medicamentos prescritos: Como vareniclina e bupropiona.
- Terapias comportamentais: Sessões de aconselhamento e grupos de apoio.
O cigarro eletrônico, apesar de seu apelo como alternativa ao cigarro tradicional, apresenta sérios riscos à saúde que não podem ser ignorados. A dependência de nicotina, os danos pulmonares e cardiovasculares, e os impactos negativos no desenvolvimento dos jovens são evidências de que esses dispositivos não são seguros.
É fundamental que os governos, profissionais de saúde e a sociedade como um todo unam esforços para regulamentar, educar e prevenir o uso desses dispositivos.
Instituições de saúde, como o Hospital Santa Monica, oferecem suporte essencial no tratamento da dependência de nicotina e na promoção de alternativas seguras para cessação do tabagismo. Entre em contato conosco e saiba mais sobre o assunto.