Um estudo inédito da Universidade de São Paulo (USP) revelou dados alarmantes sobre os nitazenos, uma nova classe de substâncias psicoativas que vem ganhando espaço no Brasil.
Essas drogas, que pertencem à categoria dos opioides sintéticos, têm gerado preocupações significativas devido ao seu potencial para causar dependência e overdose.
O psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, irá abordar mais sobre o assunto, o que são os nitazenos, dados de consumo, efeitos e prevenção. Boa leitura!
O que são os nitazenos?
Os nitazenos são derivados da família das feniletilaminas e foram inicialmente desenvolvidos como analgésicos. Contudo, sua estrutura química permite que sejam utilizados de maneira recreativa, levando a um aumento no consumo e, consequentemente, nos casos de intoxicação.
Embora sejam utilizados na saúde, sua presença no mercado ilícito tem crescido, levantando bandeiras vermelhas sobre os riscos associados ao seu consumo recreativo.
Dados alarmantes
Os nitazenos são considerados de 20 a 100 vezes mais potentes que a morfina, o que significa que doses muito pequenas podem causar efeitos adversos graves, incluindo a morte.
O levantamento realizado pela USP analisou 500 casos de internações em emergências devido ao uso de nitazenos entre 2020 e 2024 e apresentou os seguintes achados:
Aumento de internações: houve um aumento de 150% nas internações relacionadas ao uso de nitazenos em comparação ao ano anterior.
Perfil dos usuários: a maioria dos usuários internados eram homens entre 18 e 35 anos, com histórico de consumo de outras substâncias, como opioides e cocaína.
Sintomas comuns: Os sintomas mais reportados incluíram depressão respiratória, sonolência extrema e episódios de alucinação.
Taxa de mortalidade: a taxa de mortalidade associada ao uso de nitazenos foi de 10%, um índice alarmante que destaca a gravidade da situação.
O documento Nitazenos: Caracterização e Presença no Brasil mostra as ameaças dessa categoria de Novas Substâncias Psicoativas (NSP) e traz dados nacionais e internacionais sobre o uso crescente desse tipo químico.
Efeitos colaterais e riscos
Os efeitos colaterais dos nitazenos incluem depressão respiratória, que pode levar à morte em casos de superdosagem. Além disso, esses compostos podem provocar efeitos psicológicos intensos, como alucinações e delírios.
A combinação de nitazenos com outras substâncias, como álcool e benzodiazepínicos, aumenta ainda mais o risco de eventos adversos.
Recentemente, conforme noticiou o G1, a Técnica em enfermagem Gesielly Fernandes da Silva, que morreu por overdose de anestésicos, comprava morfina de colegas de trabalho, segundo denunciou a irmã, Jhessica Fernandes. Segundo a irmã da vítima, Gesielly estava depressiva e se tornou dependente do medicamento para conseguir aliviar as dores.
Estudos e pesquisas
O estudo também destaca a necessidade de pesquisas contínuas para compreender melhor a extensão da utilização dos nitazenos e suas consequências.
Os dados até agora indicam que essas drogas estão se tornando mais populares em algumas regiões do Brasil, especialmente entre jovens que buscam alternativas aos opioides tradicionais.
Além do estudo da USP, pesquisas internacionais têm investigado o impacto dos nitazenos. O estudo publicado “Even worse than fentanyls”: nitazenes in the USA, Samarasekera, Udani, The Lancet, retrata que uma classe de opioides sintéticos ainda mais fortes que o fentanil, os nitazenes, está crescendo em uso nos EUA e tem sido associada a mortes por overdose em vários estados. O tipo mais forte de nitazeno é 40 vezes mais potente que o fentanil.
Outra pesquisa realizada na Europa, focando em usuários de drogas recreativas, revelou que os nitazenos têm uma alta taxa de contaminação com outras substâncias, aumentando ainda mais os riscos associados ao seu uso.
Medidas de prevenção
As autoridades de saúde e segurança pública estão alertando sobre a importância de campanhas de conscientização para informar a população sobre os riscos associados ao uso de nitazenos.
O Ministério da Justiça está trabalhando em conjunto com órgãos de saúde para desenvolver estratégias de prevenção e tratamento para os usuários.
O estudo sobre os nitazenos evidencia a necessidade urgente de uma abordagem integrada que envolva educação, prevenção e tratamento. À medida que novas substâncias emergem no mercado, é crucial que profissionais de saúde, educadores e responsáveis por políticas públicas estejam preparados para enfrentar os desafios que essas drogas trazem para a sociedade.
Como o Hospital Santa Mônica pode ajudar?
O Hospital Santa Mônica oferece suporte especializado para dependentes químicos, com uma abordagem integrada que inclui desintoxicação segura, acompanhamento psiquiátrico e psicológico, além de terapias individuais e em grupo. A equipe multidisciplinar trabalha na recuperação do paciente, abordando não apenas a dependência química, mas também os transtornos associados ao uso dessas substâncias. O hospital se compromete a oferecer atendimento humanizado, buscando devolver qualidade de vida e autonomia aos pacientes e suas famílias.
O estudo sobre os nitazenos reforça a necessidade urgente de ações preventivas e tratamento especializado. Profissionais de saúde, educadores e autoridades precisam estar preparados para lidar com essa nova ameaça, garantindo que a população tenha acesso a informação, prevenção e tratamento adequado.
Se desejar saber mais sobre o assunto ou ficou com alguma dúvida, entre em contato conosco, teremos muito prazer em orientar.