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Uso racional de medicação psiquiátrica

Ansiedade, depressão e outros males constantes da vida moderna; para muitas pessoas, a saída encontrada para combater esses problemas é o uso de remédios. Em 2012, boletim da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostrou que os ansiolíticos (que têm a propriedade de atuar sobre a ansiedade e tensão) foram as medicações com receita controlada mais consumidas no país.

Segundo pesquisa da IMS Health, em 2016 a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 18,2% no Brasil, totalizando um comércio que gerou R$ 3,4 bilhões, abaixo apenas do setor de analgésicos, cujas vendas foram de R$ 3,8 bilhões. Tal avanço, na opinião do psiquiatra Bruno Nazar, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pesquisador do King´s College de Londres, é decorrente basicamente de dois fatores.

— As causas podem ser aumento do número de casos e também de um crescimento do número de casos diagnosticados. Os profissionais passaram a conhecer melhor o quadro e entender melhor a ajuda que podem dar para a população. Em termos de saúde pública, as camadas da população menos favorecidas estão começando a ter acesso a essas tecnologias.

Isso não quer dizer, segundo o especialista, que o atendimento a esse tipo de caso no Brasil seja suficiente. Atualmente, a depressão atinge em torno de 7% da população brasileira (17 milhões de pessoas), segundo a OMS. Nazar afirma que a rede pública já possui profissionais que se dedicam a fazer o atendimento primário, supervisionados por psiquiatras em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e no PSF (Programa Saúde da Família). Mas, se nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo ainda há carência, fora deles a defasagem é ainda maior.

“Os índices de violência, estresse e a vida sobrecarregada nas grandes metrópoles ocasionam ansiedade e outros problemas. Assim, as pessoas acabam fazendo uso desses remédios”, destaca a psiquiatra Suzana Robortella. A profissional ressalta, porém, o uso indiscriminado dos medicamentos receitado por outros especialistas. “Em geral, as pessoas passam com o clínico geral ou outro médico, contam que já tomaram o remédio de alguém, se sentiram melhor e acham que esse é o caminho, e tentam conseguir a receita”, fala. O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, compartilha da opinião. “Outros médicos prescrevem mais esses medicamentos que os próprios psiquiatras.Às vezes, passam sem ter conhecimento adequado, com intenção de ajudar, mas em algumas ocasiões, o querer ajudar é mais prejudicial”, alerta.

“Procurando um psiquiatra, ele vai dar o tratamento correto e organizá-lo, com início, meio e fim”, completa. Especialista alerta para o uso consciente A psiquiatra Suzana Robortella alerta para a necessidade do uso racional de medicamentos psicotrópicos. “Essas medicações levam à dependência e trazem problemas. Têm pacientes, com uso crônico, que adquirem déficit cognitivo. As pessoas deveriam pensar no uso racional, como se fosse uma droga ilegal. Não é porque ela é lícita que faz menos mal que a ilícita”, salienta. “Esses remédios podem ser usados em período de três meses. Eles não curam a causa (do problema). O quadro precisa ser acompanhado por um psicólogo, com a ajuda de terapia e grupos que auxiliem na redução do medicamento”, completa.

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