O que é Esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico em que uma modificação no cérebro dificulta o correto entendimento a respeito da realidade. O distúrbio também afeta a elaboração de pensamentos e a formulação de respostas emocionais complexas.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, não se trata de um distúrbio de multiplicidade de personalidades. É uma doença com aspecto crônico, sintomas classificados como produtivos e negativos. Portanto, o tratamento da esquizofrenia deve ser realizado ao longo de toda a vida.

Em sua classificação enquanto doença mental, acomete aproximadamente 23 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde. No Brasil, estima-se que o número chegue a 2 milhões de esquizofrênicos.

O que causa a esquizofrenia, com exatidão, é desconhecido. Porém, vários fatores podem se somar, influenciar e dar mais intensidade a seus sintomas. Por exemplo, genética, ambiente e química e estruturas cerebrais alteradas.

Como é a pessoa esquizofrênica?

Esquizofrênicos tendem a apresentar comportamentos anômalos, delírios e alucinações. Entre eles estão:

  • agitação;
  • agressão;
  • hábitos compulsivos;
  • excesso e facilidade de excitação;
  • automutilação;
  • hiperatividade;
  • atitudes hostis;
  • isolamento social;
  • movimentos repetitivos;
  • desorganização;
  • ato de repetir palavras sem sentido;
  • falta de moderação;
  • repetição persistente de palavras ou ações.

Ainda há prejuízos à cognição. Normalmente, tem amnésia e acredita que os seus pensamentos não lhe pertencem. Além disso, o comportamento nesse aspecto é caracterizado por:

  • confusão;
  • delírio;
  • crença de que um caso comum tem um significado especial e pessoal;
  • desorientação excessiva;
  • invenção de coisas;
  • pensamentos fantasiosos;
  • lentidão durante atividades;
  • transtorno de pensamento;
  • perda de memória;
  • falsa superioridade.

Vale a pena reforçar que também existe uma base biológica nesse transtorno mental. Isso significa que há evidências de:

  • alterações da estrutura cerebral, como hipocampo menor, ventrículos cerebrais maiores e afinamento do córtex;
  • modificações neuroquímicas, principalmente em relação aos marcadores de transmissão de glutamato e dopamina;
  • fatores de risco genético.

Com isso, a esquizofrenia até pode se manifestar na infância, mas isso é raro. Normalmente, a doença inicia na vida adulta devido a alguns fatores:

  • complicações do parto, intrauterinas ou pós-natais;
  • predisposição genética;
  • trauma e negligência na infância;
  • infecções virais do sistema nervoso central (SNC).

Aqui, também é importante destacar que os sintomas psicóticos podem aparecer em pessoas vulneráveis por conta dos estressores ambientais. Eles podem ser farmacológicos ou sociais. Ou seja, o abuso de substâncias, especialmente a maconha, ou situações de crise — como desemprego, entrar nas Forças Armadas, romper um relacionamento amoroso etc. — podem desencadear a doença.

Quais os tipos de esquizofrenia?

Na classificação médica, a esquizofrenia se divide em diferentes tipos. Eles são:

  • esquizofrenia catatônica: caracteriza-se pelas mudanças de posturas e manias bizarras. Normalmente, está relacionada a uma apatia intensa, com prejuízo às atividades motoras. Dois exemplos característicos são a pessoa que fica horas na mesma posição e tem baixo interesse nos fatos cotidianos;
  • esquizofrenia desorganizada: é aquela em que discurso e pensamento não fazem sentido. Também é chamada de hebefrênica devido ao comportamento infantilizado do paciente. Ou seja, suas respostas emocionais são inadequadas;
  • esquizofrenia paranoide: apresenta mais episódios delirantes e de alucinações. A fala também é desorganizada, mas há mania de perseguição e falta de afeto. Normalmente, a pessoa acaba se distanciando dos ciclos sociais;
  • esquizofrenia simples: gera a perda progressiva de habilidades sociais e ocupacionais. Costuma ter alterações na personalidade, isolamento social e inibição do afeto;
  • esquizofrenia residual: está caracterizada por modificações no comportamento, no convívio social e na consideração do afeto. No entanto, as alterações são pouco frequentes;
  • esquizofrenia indiferenciada: é aquela em que a pessoa tem características típicas de um tipo, mas não chega a se enquadrar em nenhum deles.

Quais são os sintomas da Esquizofrenia

A esquizofrenia envolve uma série de problemas de pensamento (cognição), comportamento e emoções. Os sinais e os sintomas podem variar, mas geralmente envolvem:

  • delírios;
  • alucinações;
  • fala desorganizada.

Eles ainda refletem uma capacidade de funcionamento prejudicada. Os sintomas podem variar em tipo e gravidade ao longo do tempo, com períodos de piora e remissão. Inclusive, alguns deles podem estar sempre presentes.

Nos homens, os sintomas da esquizofrenia geralmente começam entre os 20 e poucos anos. Nas mulheres, geralmente começam no final dos 20 anos. Entenda melhor os sinais psicológicos e físicos, e como surgem em adolescentes.

Sintomas psicológicos

Esses sintomas estão relacionados à saúde mental. Nesse caso, os principais são:

  • delírios: são crenças falsas que não são baseadas na realidade. Por exemplo, você acha que está sendo prejudicado ou assediado, que certos gestos ou comentários são dirigidos a você, que sua habilidade ou fama é excepcional, que outra pessoa está apaixonada por você ou que uma grande catástrofe está prestes a ocorrer. Esse sintoma ocorre na maioria das pessoas com esquizofrenia;
  • alucinações: envolve ver ou ouvir coisas que não existem, geralmente. No entanto, para a pessoa com esquizofrenia, eles têm toda a força e o impacto de uma experiência normal. As alucinações podem ocorrer em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a mais comum;
  • pensamento desorganizado (fala): é inferido do discurso desorganizado. A comunicação eficaz pode ser prejudicada e as respostas às perguntas podem ser parcial ou totalmente não relacionadas. Raramente, a fala pode incluir a junção de palavras sem sentido que não podem ser compreendidas — às vezes, conhecidas como salada de palavras.

Sintomas físicos

Os sintomas físicos têm relação com os sinais vistos diretamente no corpo do paciente que precisa de tratamento de esquizofrenia. Os mais comuns são:

  • comportamento motor extremamente desorganizado ou anormal: pode se manifestar de várias maneiras, desde a tolice infantil até a agitação imprevisível. Esse sintoma não está focado em um objetivo. Por isso, é difícil fazer as tarefas. O comportamento pode incluir resistência às instruções, postura inadequada ou bizarra, completa falta de resposta ou movimentos inúteis e excessivos;
  • sintomas negativos: refere-se à redução ou à falta de capacidade de funcionar normalmente. Por exemplo, a pessoa pode negligenciar a higiene pessoal ou aparentar ausência de emoção (não faz contato visual, não muda a expressão facial ou fala em um tom monótono). Além disso, pode perder o interesse nas atividades cotidianas, retrair-se socialmente ou não ter a capacidade de sentir prazer.

Sintomas em adolescentes

Os sintomas da esquizofrenia em adolescentes são semelhantes aos dos adultos, mas a condição pode ser mais difícil de reconhecer. Isso pode ser, em parte, porque alguns dos primeiros sintomas da esquizofrenia nessa faixa etária são comuns para o desenvolvimento típico durante esse período da vida. Por exemplo:

  • afastamento de amigos e familiares;
  • queda no desempenho escolar;
  • dificuldade em dormir;
  • irritabilidade ou humor deprimido;
  • falta de motivação.

Além disso, o uso de substâncias recreativas — como maconha, metanfetaminas ou LSD —, às vezes, pode causar sinais e sintomas semelhantes. De toda forma, em comparação com os sintomas da esquizofrenia em adultos, os adolescentes podem ter:

  • menos probabilidade de ter delírios;
  • mais probabilidade de ter alucinações visuais.

Como é o diagnóstico da Esquizofrenia?

Atenção: requer um diagnóstico de médico psiquiatra

O diagnóstico para o tratamento de esquizofrenia envolve descartar outros distúrbios de saúde mental. Além disso, é preciso determinar que os sintomas não são devidos ao abuso de substâncias ou medicamentos nem são uma condição médica.

Assim, a determinação de um diagnóstico de esquizofrenia pode incluir vários aspectos. Entre eles estão:

  • exame físico: pode ser feito para ajudar a descartar outros problemas que podem causar os sintomas. Também ajudam a verificar se há complicações relacionadas;
  • testes e triagens: Pode incluir testes que ajudam a descartar condições com sintomas semelhantes e rastreamento de álcool e drogas. O médico também pode solicitar exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada;
  • avaliação psiquiátrica: abrange a verificação do estado mental por um médico ou um profissional de saúde mental. A aparência e o comportamento são observados. Ainda há perguntas sobre pensamentos, estados de espírito, delírios, alucinações, uso de substâncias e potencial para violência ou suicídio. Isso também inclui uma discussão sobre a história familiar e pessoal;
  • critérios de diagnóstico para esquizofrenia: pode haver o uso do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado pela American Psychiatric Association. Isso deve ser feito por médico ou profissional de saúde mental.

De toda forma, tanto o tratamento da esquizofrenia quanto seu diagnóstico dependem da fase da doença. As possibilidades são:

  • fase prodrômica: pode não haver sintomas ou ter uma leve desorganização cognitiva ou distorção de percepção;
  • fase prodrômica avançada: iniciam os sintomas subclínicos, como afastamento, irritabilidade, isolamento, pensamentos incomuns, desorganização e distorções da percepção. Os quadros de alucinações e delírios podem surgir de forma repentina ou lenta;
  • fase precoce da psicose: apresenta sintomas ativos ou piores;
  • fase intermediária: tem períodos sintomáticos episódicos ou contínuos. Os déficits na funcionalidade do indivíduo pioram;
  • fase tardia do transtorno: pode ter um padrão estabelecido, mas existe grande variabilidade.

Como é o tratamento para Esquizofrenia?

Atenção: requer um diagnóstico de médico psiquiatra

Após o diagnóstico feito por um médico, o tratamento da esquizofrenia pode ser acompanhado de perto por ele. Além disso, envolve outros especialistas de Medicina e Psicologia, a depender das medidas a tomar e da abordagem escolhida.

Tratamento Médico e Terapias

Intervenções psicossociais

Uma vez que a psicose retroceda, além de continuar com a medicação, as intervenções psicológicas e sociais (psicossociais) são importantes. Isso pode incluir os aspectos a seguir.

Terapia individual

A psicoterapia pode ajudar a normalizar os padrões de pensamento. Além disso, aprender a lidar com o estresse e identificar os primeiros sinais de alerta de recaída pode ajudar as pessoas com esquizofrenia a controlarem a doença.

Treinamento de habilidades sociais

Isso se concentra em melhorar a comunicação e as interações sociais. Também foca o desenvolvimento da capacidade de participar das atividades diárias.

Terapia familiar

Isso fornece suporte e educação para famílias que lidam com esquizofrenia.

Reabilitação profissional e emprego assistido

O objetivo é ajudar as pessoas com esquizofrenia a se prepararem, encontrarem e manterem seus empregos.

Reabilitação neuropsicológica

O procedimento durante o tratamento de esquizofrenia reabilita o raciocínio para melhorar o funcionamento físico e mental após lesões ou doenças. Um exemplo seria a concussão, ou seja, pancada na cabeça.

Terapia cognitiva

Psicoterapia que se concentra na substituição de pensamentos negativos e distorcidos, típicos de quem tem alucinações. Eles são trocados por pensamentos positivos e precisos.

Psicoeducação

Experiência em que se aprende sobre saúde mental. Esse conhecimento também serve para apoiar, valorizar e dar autonomia aos pacientes.

Terapia de grupo

Tipo de psicoterapia na qual o terapeuta trabalha com clientes em grupo, em vez de sessões individuais.

Medicamentos

Antipsicóticos

Reduzem ou melhoram os sintomas da esquizofrenia e de outros transtornos mentais, evitando psicoses.

Antitremor

Paroxetina, clomipramina e fluoxetina são exemplos.

Antipsicóticos

Ajudam a controlar tremores, estremecimento e desequilíbrio.

Como é a internação para quem tem Esquizofrenia?

Durante os períodos de crise ou momentos de sintomas graves, a hospitalização pode ser necessária para garantir segurança, nutrição e sono adequados e higiene básica. Afinal, a internação no tratamento de pacientes com esquizofrenia é uma decisão que, muitas vezes, torna-se uma questão de vida ou morte.

Isso porque um quadro psicótico pode se transformar em algo grave. Assim, nas situações em que se constata um considerável risco de suicídio e perigo à vida de outras pessoas, a internação pode ser a opção mais segura.

Essa medida é necessária, porque a utilização de medicamentos e a adesão a terapias tendem a exigir um tempo mínimo para que seus efeitos positivos se manifestem. Desse modo, pode ser necessário ter um acompanhamento estreito feito por um hospital psiquiátrico durante certo período.

Visto que os sintomas de esquizofrênicos afetam bastante o funcionamento de sua cognição e a capacidade de discernimento, além de induzi-los a ações impensadas, as internações involuntária e compulsória podem ser medidas comuns. Entenda melhor sobre elas.

Internação voluntária - com consentimento paciente

Se o paciente está ciente de sua situação e dos problemas com os quais convive, a internação voluntária é indicada. Inclusive, a pessoa tende a sofrer pelos sintomas da depressão, que são capazes de impactar vida, autoestima, trabalho e, principalmente, relacionamentos.

Assim, a internação voluntária a ajuda a estar em contato com uma equipe multidisciplinar apta a zelar por seu tratamento da esquizofrenia. Além disso, o time é capaz de reabilitá-lo de modo que possa voltar a conviver bem com si mesmo e com aqueles que ama.

Internação compulsória - contra a vontade do paciente

§ Internação involuntária: de acordo com a Lei 10.216/2001, o familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade de esse tipo de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.

§ Internação compulsória: nesse caso, não é necessária a autorização familiar. O artigo 9º da Lei 10.216/2001 estabelece a possibilidade da internação compulsória, sendo sempre determinada pelo juiz competente. Isso depois de pedido formal, feito por um médico, que ateste que a pessoa não tem domínio sobre a sua condição psicológica e física.

Qualquer que seja a opção de internação, uma equipe multidisciplinar em saúde atende ao pedido de alguém próximo que sofre de transtorno mental. Em seguida, leva-o em segurança a uma instituição psiquiátrica especializada.

Finalmente, ainda que a esquizofrenia impacte bastante a cognição e o contato com a realidade dos indivíduos, é possível amenizar seus sintomas e conviver com ela quando se segue o tratamento recomendado. Tudo isso sob controle ao longo de uma vida equilibrada e com bem-estar.

Quer auxiliar alguém que você ama com esse transtorno mental a se tratar? Então, entre em contato com o Hospital Santa Mônica.

Sobre o Hospital Santa Mônica

O Hospital Santa Mônica zela pela saúde mental de crianças, jovens e adultos, além de tratar dependência química e de se dedicar à geriatria. Com mais de 53 anos de atividades, se tornou referência de hospital psiquiátrico, auxiliando também pacientes com depressão, em todos os seus estágios.

Assim, você pode ter acesso ao tratamento da esquizofrenia com qualidade e foco no bem-estar do paciente. Afinal, esse transtorno psiquiátrico exige um cuidado extra e não tem cura. Porém, pode ser controlado e levar a uma vida tranquila, ativa e produtiva.

Quer saber mais sobre o tratamento de um paciente com esquizofrenia ou deseja tirar alguma dúvida? Entre em contato com o Hospital Santa Mônica e converse com um de nossos especialistas.